Cooperativas gaúchas mostram força do cooperativismo na COP30
- Nenhum
Conectando clima, crédito, energia limpa e desenvolvimento regional, representantes marcaram presença em Belém.
Na COP30, o cooperativismo mostrou, mais uma vez, que falar de sustentabilidade é falar também do papel das cooperativas gaúchas na agenda climática global. Ao longo da conferência em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro, iniciativas selecionadas pelo Sistema OCB destacaram como as cooperativas do Rio Grande do Sul já estão entregando soluções concretas em crédito verde, agricultura de baixo carbono, transição energética e economia circular, entre outros assuntos.
Rio Grande do Sul em destaque na COP30
Com apoio do Sistema Ocergs, diversas cooperativas gaúchas fizeram parte do portfólio brasileiro apresentado na COP30, reforçando o protagonismo na implementação de soluções climáticas nos territórios.
Participaram presencialmente de painéis, conferências e agendas institucionais:
Já os cases da Unicred Ponto Capital e da Cooperconcórdia integraram a delegação nacional e foram apresentados em agendas temáticas da conferência. Outras cooperativas gaúchas também acompanharam a programação de forma remota, reforçando a conexão do Rio Grande do Sul com os debates globais sobre clima.
Resiliência climática: do campo à cidade
No painel “O papel do cooperativismo na construção da resiliência climática”, realizado no Pavilhão do Coop, na Green Zone, cooperativas como Vinícola Aurora, Sicoob Credip, CCPR, Sicredi e CNseg mostraram como o modelo cooperativista já está ajudando famílias, produtores e negócios a se adaptar às mudanças climáticas, tanto em áreas rurais quanto urbanas.
Representando o cooperativismo do Rio Grande do Sul, a Vinícola Aurora apresentou seu trabalho na viticultura da Serra Gaúcha, com foco em monitoramento climático nas propriedades, adoção de variedades de uva mais resistentes, manejo de solo com conservação e estímulo à biodiversidade e difusão de conhecimento por meio das UDCs, apoiando mais de 1,1 mil famílias cooperadas na adaptação aos novos padrões de clima.
Para o gerente Agrícola da Vinícola Aurora, Maurício Bonafé, a presença da Cooperativa reforçou o compromisso com a sustentabilidade e com o protagonismo nas agendas ambiental, social e de governança junto aos associados. “A troca de informações e os novos contatos estabelecidos durante o evento serão fundamentais para avançarmos na jornada que temos trilhado, evidenciando a relevância do cooperativismo na melhoria da produção, na preservação do meio ambiente e no desenvolvimento das comunidades em que atuamos”, afirmou.
O Sicredi, por sua vez, mostrou como está integrando ciência do clima, dados e gestão de riscos em escala nacional. Uma metodologia própria permite mapear ameaças climáticas por cultura, território e atividade econômica, orientando redesenho de linhas de crédito, ampliação de seguros agrícolas, diversificação de carteiras e apoio a práticas de adaptação em campo.
Agricultura de baixo carbono e solo como ativo climático
Com apoio do Sistema Ocergs, a Coasa levou à COP30 o projeto “Nosso Solo, Nossa Colheita”, desenvolvido em parceria com a Embrapa. No painel “Agricultura de baixo carbono: caminho para sistemas alimentares sustentáveis e resilientes”, a cooperativa mostrou como a combinação de plantio direto, rotação de culturas, cobertura permanente do solo e manejo orientado à regeneração
Ao colocar o manejo do solo e a agricultura de baixo carbono no centro das discussões, a Coasa reforçou o papel do cooperativismo gaúcho na construção de soluções reais para a crise climática. Segundo o engenheiro agrônomo da cooperativa, Ronaldo Panisson Scariot, participar da COP30 foi uma experiência marcante, que evidenciou a maturidade do cooperativismo brasileiro frente aos desafios climáticos e a necessidade de seguir ampliando o impacto das práticas sustentáveis nas lavouras gaúchas.
“Foi muito gratificante ver as cooperativas do Brasil apresentando resultados concretos, projetos sólidos e uma postura madura diante dos desafios climáticos. Voltamos da COP30 com a sensação de orgulho por ter recebido a oportunidade, mas, também, de que precisamos continuar avançando para ampliar o impacto, uma vez que o cooperativismo brasileiro tem muito a contribuir para uma agricultura mais sustentável, inovadora e preparada para o futuro”, destacou Scariot.
Financiamento verde mais perto de quem faz a mudança
Na programação do Pavilhão Brasil, na Blue Zone, o painel “Estratégias para descentralizar e democratizar o financiamento verde” reuniu representantes do cooperativismo, governo e instituições multilaterais para discutir como fazer com que os recursos para a transição ecológica cheguem, de fato, a quem implementa soluções no território.
O debate, moderado pelo Sistema OCB, contou com a participação do diretor executivo de Estratégia, Sustentabilidade, Administração e Finanças do Sicredi, Alexandre Englert Barbosa, e demais participantes de instituições brasileiras. O painel reforçou o protagonismo estratégico das cooperativas de crédito e de produção para transformar o financiamento climático em crédito acessível, linhas sob medida e apoio técnico direto para produtores rurais, empreendedores e comunidades.
Energia renovável e descarbonização com protagonismo cooperativo
A transição energética justa também teve forte presença cooperativista. No painel “Cooperativas e descarbonização: protagonismo na transição energética justa”, no Pavilhão do Coop, na Green Zone, participaram cooperativas de diferentes regiões do país, entre elas a Creral, a Coopernova, a Coopenad e o Sicoob São Miguel, além de representantes do Sistema OCB e da pesquisa agropecuária da Embrapa.
Mediado pelo pesquisador Otávio Balzani, o encontro apresentou soluções em energia renovável, gestão de resíduos, finanças sustentáveis e inovação tecnológica. As falas mostraram como ciência, tecnologia, cooperativismo e sustentabilidade já caminham juntos, com projetos que ganham escala, geram renda e promovem justiça climática nos territórios.
A Creral destacou o case “Bioroz e Cinroz”, projeto desenvolvido no complexo energético São Sepé, que transforma casca e cinzas de casca de arroz em biopolímeros renováveis e biodegradáveis, com potencial de substituir plásticos de origem fóssil e cinzas de carvão na indústria de concreto. Para o presidente João Alderi do Prado, a participação na COP30 evidencia como a experiência da cooperativa está alinhada à transição energética e à redução de emissões, em sintonia com o movimento global.
“O que vimos na COP30 mostra que há uma transformação em andamento diante das mudanças climáticas. Governos, empresas e pessoas estão comprometidos, e esse movimento continuará. Precisamos avançar juntos”, afirmou Prado.
Economia circular, água e impacto social
Além da agenda climática direta, as cooperativas gaúchas levaram à COP30 cases que conectam clima, impacto social e inclusão produtiva. Conheça outros cases que também foram apresentados durante a programação do evento:
“Programa Multiplicadores Lixo Zero” – Cooperconcórdia: o projeto desenvolve comunidades e cooperativas como multiplicadoras das ações Lixo Zero, alinhadas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU. Estimula consumo consciente, economia circular, gestão correta dos resíduos, compostagem e construção de cidades mais sustentáveis. A iniciativa conta com apoio do Fundo Social do Sescoop/RS.
“Projeto Batalhão do Bem: o cooperativismo em ação” – Unicred Ponto Capital
Focado em reduzir o impacto ambiental da indústria têxtil e gerar renda para mulheres chefes de família, o projeto transforma resíduos têxteis militares em novos produtos, capacitando mulheres em situação de vulnerabilidade e fortalecendo a economia circular nas comunidades de Santa Maria, Santiago, Cachoeira do Sul e Uruguaiana. O projeto também tem apoio do Fundo Social do Sescoop/RS.
“Cresol SIGA” – Cresol Raiz
A Cresol Raiz, em parceria com a organização Water.org, apresentou o case do projeto SIGA, que amplia o acesso à água potável e saneamento, beneficiando mais de 4 mil pessoas em diversas regiões do país. A cooperativa reforça que soluções financeiras sustentáveis são fundamentais para segurança hídrica, saúde, desenvolvimento econômico e adaptação climática, sempre com o cooperado no centro das decisões.
“A participação da Cresol Raiz na COP30 reforçou o papel estratégico do cooperativismo na construção de comunidades resilientes e evidenciou o impacto concreto que iniciativas têm gerado no acesso à água potável e saneamento”, pontuou a diretora-executiva da Cresol Raiz, Claudiane Buzatto Piovesan.
O olhar do Sistema Ocergs sobre a COP30
Para o Sistema Ocergs, a participação das cooperativas gaúchas na COP30 é mais do que um reconhecimento internacional: é um ponto de virada para o futuro do cooperativismo no Rio Grande do Sul. Estar presente nos principais debates sobre clima, energia, financiamento verde, água e economia circular, entre outros tantos assuntos, significa mostrar que o modelo cooperativista já oferece respostas concretas aos desafios da transição justa.
Ao apoiar e dar visibilidade a esses projetos, o Sistema Ocergs reafirma seu compromisso em fortalecer as cooperativas como protagonistas da adaptação climática, da inovação sustentável e do desenvolvimento regional, preparando o movimento para que as próximas décadas sejam ainda mais cooperativas, resilientes e alinhadas a um mundo de baixas emissões.
Notícias